quarta-feira, 13 de abril de 2011

Feliz dia do beijo!!!!

No dia 13 de abril é comemorado o Dia do Beijo. É difícil saber, ao certo, o que motivou a criação da data comemorativa, mas diz a história - verdadeira ou não - que o italiano Enrique Porchelo beijava todas as mulheres que encontrava na vila em que vivia, casadas ou não. Em 13 de abril de 1882, o padre local teria oferecido um prêmio em moedas de ouro às mulheres que não haviam sido beijadas pelo "Don Juan". Conta a lenda que nenhuma apareceu e que o tesouro está escondido em algum lugar da Itália até hoje.
A verdade é que é difícil não querer dar um beijinho em quem se ama, não é? Em muitas vezes, nem precisa ser amor, atração já basta para tirar o fôlego. Também pudera, de acordo com o "Dossiê do Beijo, livro de Pedro Paulo Carneiro, existem 484 formas diferentes de beijar.

"O beijo é uma arma poderosa de sedução e pode ser considerado o termômetro do relacionamento", afirma Cláudya Toledo, terapeuta sexual e presidente da agência de relacionamentos A2Encontros. "Os relacionamentos normalmente começam com um beijo e o casal precisa dele para manter seu entrosamento, já que ele tem o poder de misturar a essência das pessoas através da boca, da respiração", acrescenta.
Ela diz ainda que muitos casais de longa data têm relação sexual sem beijo na boca, o que indicaria que a relação estacionou ou esfriou. "Variar o beijo, criar e namorar beijando é um sinal que o relacionamento está vivo", explica. Ótimo estímulo para investir no seu lado beijoqueiro, não? Confira curiosidades sobre o beijo:

- 29 músculos são ativados em um beijo apaixonados;
- O corpo se aquece, queimando até 15 calorias e a pressão arterial sobe;
- Uma pessoa troca, em média, 24 mil beijos (de todos os tipos, dos maternais aos apaixonados e, até mesmo, os roubados) ao longo da vida;
- Beijar acalma! O nível de serotonina no cérebro aumenta quando estamos beijando;
- Pesquisadores americanos afirmam que a saliva trocada em um beijo apaixonado facilita a digestão e tem efeitos benéficos sobre as defesas do organismo

E não é só isso! Segundo Cláudya, o beijo pode ativar o funcionamento de nossa saúde orgânica, biológica e energética. No livro "Eles são simples, Elas são complexas", da editora Alaúde, ela lista as sete saúdes do ser humano - física, sexual, financeira, emocional, social, mental e espiritual - e os sete beijos correspondentes a cada uma delas. 
kkkkk... Então tá, né??? kkk

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Deus te abençoe por perder as ilusões

Deus te abençoe por perder as ilusões


Como é bom quando perdemos as ilusões, quebramos a cara e tomamos um belo tabefe da vida, não é? Dependendo dos entulhos que juntamos em nossas mentes, parece até que levar um gancho de direita da vida nos faz voltar a realidade com tanta, mas tanta violência, que ficamos até meio grogues, sem saber onde estamos ou quem somos!
Sim, é muito bom quando isso acontece, porque percebemos que a vida é totalmente diferente das fantasias que alimentávamos. Aquele homem que parecia maravilhoso deixa cair a máscara, você descobre que não é tão maravilhosa quanto imaginava, enfim, as coisas começam a se mostrar como realmente são! Sim, minha filha é como se uma chuva milagrosa estivesse removendo uma camada que escondia tudo! Aleluia!!!
Você vai chorar, vai encher o tacho de Cinzano para curtir uma fossa, mas quando passar será como uma libertação: "Meu Deus, finalmente o Senhor me fez abrir os olhos!"
E nem adianta se esconder porque a realidade, a grande inimiga das ilusões, irá buscá-la onde quer que esteja escondida. Sim, mais cedo ou mais tarde a realidade vai te pegar, isto é um fato. E pode apostar todas as suas fichas que ela vai te puxar pelos pés e gritar na sua orelha:
"ACORDA, CRIATURA!!! O MUNDO NÃO É UM FAZ-DE-CONTA!!!"
Minha filha, esqueça todas as frases poéticas, porque ilusão é o vício da mentira. É como se fosse uma droga, um ópio que nos atordoa e nos deixa presos em um mundo irreal.
QUANTO MAIS TEMPO FICAR ILUDIDA, MAIORES SERÃO OS EFEITOS DAS DECEPÇÕES.
Afinal, quantas vezes você jurou de pés juntos que nunca mais iria se iludir?
Por exemplo:num belo dia, depois de passar um século se humilhando por causa de um homem, jurando de pés juntos que ele te amava, eis que acabou levando um belo chute no rabo!! Então, você chorou e se acabou no drama, quando deveria agradecer por, finalmente, se ver livre desta sua escravidão emocional. E é lógico que depois de sofrer, você resolveu dar uma de fodona, e até jurou que nunca mais se rebaixaria por macho algum. Nossa, quem vê até acredita, né?
Parece loucura, mas quando a ilusão vira uma dependência, o resultado é tão nefasto que muitas pessoas adoram se meter em enrascadas, só pelo prazer da desilusão. Claro, são dois vícios que se complementam: o prazer de viver nas nuvens e a dor de cair e se esborrachar no chão, afundar na lama!
Por isso que você só fica na promessa, porque entre o real e o imaginário, acaba cometendo os mesmos erros, arrumando outros trastes, muitas vezes piores que aquele que se mandou. E olha você de novo se fazendo de cega, levando porradas e ainda se iludindo: "Ele me ama! Um dia ele vai largar a esposa e vai se casar comigo!!"
E o pior é que você sempre agiu assim para não sofrer, não é um absurdo?
Toda pessoa que vive de ilusão não passa de uma grande mentirosa. Só que a maior vítima de suas mentiras é exatamente ela. Sim, porque mentem para si mesmas, muitas vezes querendo crer que tudo está bem, quando na verdade tudo não passam de ruínas... Sim, tem muita pessoas fudidas na vida, que fingem uma felicidade que não existe, procurando na mentira um refúgio que as mantenham longe do mundo real.
"Eu não tenho onde morar, o que eu ganho por dia não paga nem o meu almoço, mas eu sou tão feliz!!!
Quantas vezes não nos imaginamos muito especiais, verdadeiras maravilhas da natureza, "fodas pra caralho", mas acabamos quebrando a cara quando descobrimos que somos apenas de carne e osso? E aqui entre nós: saber que Papai do Céu não vai fazer absolutamente nada para nos tirar da merda é uma das maiores desilusões, não é mesmo?
Então, minha filha, levanta as mãos para o Céu e agradece por cair do pedestal, porque de agora em diante você vai ter que escolher entre lutar ou ser engolida
Oras, Deus não é office-boy!!! Ele não fará nada se você não der o primeiro passo. E como é duro dar o primeiro passo quando perdemos as ilusões...Só para lamber as feridas levamos uma eternidade.
A FÉ SEM AÇÃO É INÚTIL!!!
Você pode ser a lindinha do papai e o tesãozinho do benzão, mas para o Universo é apenas mais uma. E pode levar um século para conseguir se recuperar deste golpe. E pode até mesmo passar o resto da vida sem aceitar esta desilusão, mas nada no mundo irá mudar a realidade de que sem ação, sem atitudes, nada do que achar a seu respeito irá mudar.
Entenda uma coisa: o mundo reage de acordo com o que fazemos, não pelo o que acreditamos.
ILUDIR-SE É VER A FANTASIA, É DESEJAR O FALSO....
Por isso que muita gente acha que empurrando seus problemas com a barriga ou fingindo que não existem, eles podem sumir. E é exatamente esse o grande mal da ilusão: acreditar que podemos viver de esperanças. Esperanças de que aquele amor seja verdadeiro, esperanças de que um grande emprego caia do Céu, esperanças de que nunca tenhamos que sofrer...
ILUSÃO É A MAIS INÚTIL TENTATIVA DE TORNAR ALGO IRREAL EM REALIDADE.
No final, a maior desilusão será descobrir que a realidade tornou-se dura demais para fugir.
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Leia meu livro QUERO SEU SORRISO DE VOLTA e vire uma mulher ruim e feliz!!
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terça-feira, 5 de abril de 2011

Talvez o último desejo- Rachel de Queiroz



Pergunta-me com muita seriedade uma moça jornalista qual é o meu maior desejo para o ano de 1950. E a resposta natural é dizer-lhe que desejo muita paz, prosperidade pública e particular para todos, saúde e dinheiro aqui em casa. Que mais há para dizer? 

Mas a verdade, a verdade verdadeira que eu falar não posso, aquilo que representa o real desejo do meu coração, seria abrir os braços para o mundo, olhar para ele bem de frente e lhe dizer na cara: Te dana! Sim, te dana, mundo velho. Ao planeta com todos os seus homens e bichos, ao continente, ao país, ao Estado, à cidade, à população, aos parentes, amigos e conhecidos: danem-se! Danem-se que eu não ligo, vou pra longe me esquecer de tudo, vou a Pasárgada ou a qualquer outro lugar, vou-me embora, mudo de nome e paradeiro, quero ver quem é que me acha.

Isso que eu queria. Chegar junto do homem que eu amo e dizer para ele: Te dana, meu bem! Dora em vante pode fazer o que entender, pode ir, pode voltar, pode pagar dançarinas, pode fazer serenatas, rolar de borco pelas calçadas, pode jogar futebol, entrar na linha de Quimbanda, pode amar e desamar, pode tudo, que eu não ligo!

Chegar junto ao respeitável público e comunicar-lhe: Danai-vos, respeitável público. Acabou-se a adulação, não me importo mais com as vossas reações, do que gostais e do que não gostais; nutro a maior indiferença pelos vossos apupos e os vossos aplausos e sou incapaz de estirar um dedo para acariciar os vossos sentimentos. Ide baixar noutro centro, respeitável público, e não amoleis o escriba que de vós se libertou!

Chegar junto da pátria e dizer o mesmo: o doce, o suavíssimo, o libérrimo te dana. Que me importo contigo, pátria? Que cresças ou aumentes, que sofras de inundação ou de seca, que vendas café ou compres ervilhas de lata, que simules eleições ou engulas golpes? Elege quem tu quiseres, o voto é teu, o lombo é teu. Queres de novo a espora e o chicote do peão gordo que se fez teu ginete? Ou queres o manhoso mineiro ou o paulista de olho fundo? Escolhe à vontade - que me importa o comandante se o navio não é meu? A casa é tua, serve-te, pátria, que pátria não tenho mais.

Dizer te dana ao dinheiro, ao bom nome, ao respeito, à amizade e ao amor. Desprezar parentela, irmãos, tios, primos e cunhados, desprezar o sangue e os laços afins, me sentir como filho de oco de pau, sem compromissos nem afetos.

Me deitar numa rede branca armada debaixo da jaqueira, ficar balançando devagar para espantar o calor, roer castanha de caju confeitada sem receio de engordar, e ouvir na vitrolinha portátil todos os discos de Noel Rosa, com Araci e Marília Batista. Depois abrir sobre o rosto o último romance policial de Agatha Christie e dormir docemente ao mormaço.



Mas não faço. Queria tanto, mas não faço. O inquieto coração que ama e se assusta e se acha responsável pelo céu e pela terra, o insolente coração não deixa. De que serve, pois, aspirar à liberdade? O miserável coração nasceu cativo e só no cativeiro pode viver. O que ele deseja é mesmo servidão e intranqüilidade: quer reverenciar, quer ajudar, quer vigiar, quer se romper todo. Tem que espreitar os desejos do amado, e lhe fazer as quatro vontades, e atormentá-lo com cuidados e bendizer os seus caprichos; e dessa submissão e cegueira tira a sua única felicidade.

Tem que cuidar do mundo e vigiar o mundo, e gritar os seus brados de alarme que ninguém escuta e chorar com antecedência as desgraças previsíveis e carpir junto com os demais as desgraças acontecidas; não que o mundo lhe agradeça nem saiba sequer que esse estúpido coração existe. Mas essa é a outra servidão do amor em que ele se compraz - o misterioso sentimento de fraternidade que não acha nenhuma China demasiado longe, nenhum negro demasiado negro, nenhum ente demasiado estranho para o seu lado sentir e gemer e se saber seu irmão.

E tem o pai morto e a mãe viva, tão poderosos ambos, cada um na sua solidão estranha, tão longe dos nossos braços.

E tem a pátria que é coisa que ninguém explica, e tem o Ceará, valha-me Nossa Senhora, tem o velho pedaço de chão sertanejo que é meu, pois meu pai o deixou para mim como o seu pai já lho deixara e várias gerações antes de nós, passaram assim de pai a filho.

E tem a casa feita pela nossa mão, toda caiada de branco e com janelas azuis, tem os cachorros e as roseiras.

E tem o sangue que é mais grosso que a água e ata laços que ninguém desata, e não adianta pensar nem dizer que o sangue não importa, porque importa mesmo. E tem os amigos que são os irmãos adotivos, tão amados uns quanto os outros.

E tem o respeitável público que há vinte anos nos atura e lê, e em geral entende e aceita, e escreve e pede providências e colabora no que pode. E tem que se ganhar o dinheiro, e tem que se pagar imposto para possuir a terra e a casa e os bichos e as plantas; e tem que se cumprir os horários, e aceitar o trabalho, e cuidar da comida e da cama. E há que se ter medo dos soldados, e respeito pela autoridade, e paciência em dia de eleição. Há que ter coragem para continuar vivendo, tem que se pensar no dia de amanhã, embora uma coisa obscura nos diga teimosamente lá dentro que o dia de amanhã, se a gente o deixasse em paz, se cuidaria sozinho, tal como o de ontem se cuidou.

E assim, em vez da bela liberdade, da solidão e da música, a triste alma tem mesmo é que se debater nos cuidados, vigiar e amar, e acompanhar medrosa e impotente a loucura geral, o suicídio geral. E adular o público e os amigos e mentir sempre que for preciso e jamais se dedicar a si própria e aos seus desejos secretos.

Prisão de sete portas, cada uma com sete fechaduras, trancadas com sete chaves, por que lutar contra as tuas grades?

O único desabafo é descobrir o mísero coração dentro do peito, sacudi-lo um pouco e botar na boca toda a amargura do cativeiro sem remédio, antes de o apostrofar: Te dana, coração, te dana!



Rachel de Queiroz, em "Um alpendre, uma rede, um açude". Rio de Janeiro: José Olímpio